domingo, 13 de outubro de 2013


1936, ANO DA FÉ


 
 

     13 de Outubro de 2013, cidade espanhola de Tarragona. São beatificados 522 mártires, ou seja, mais de meio milhar de católicos assassinados in odium fidei, pelos republicanos e “rojos” espanhóis, em plena Guerra Civil e na zona que eles próprios controlavam, através do terror e da maior perseguição religiosa que ocorreu, em todo o século vinte, na Península Ibérica. Feroz perseguição religiosa que, para qualquer historiador sério, começou em 1931 mas ganhou foros de verdadeiro holocausto católico a partir de 1936.

     O historiador inglês Paul Johnson afirmou que “ para os republicanos a Igreja católica era o alvo principal do ódio…” Para G. Jackson, “ os primeiros três meses da guerra foram o período de máximo terror na zona republicana…. Os sacerdotes… foram as principais vítimas de puro gangsterismo.” Stantley G. Payne chegou a dizer que “ a perseguição à Igreja católica foi a maior jamais vista na Europa ocidental, inclusive nos momentos mais duros da Revolução Francesa”. E acrescenta: “ Durante a Guerra Civil o único grupo marcado para o extermínio foi o clero”. H. Thomas diz-nos também que “ possivelmente em nenhuma época da história da Europa, e provavelmente do mundo, se manifestou um ódio tão apaixonado contra a religião e tudo o que com ela está relacionado”.

     De facto, esta sistemática perseguição religiosa que, segundo outro autor – G. Hermet – reveste um carácter de verdadeiro massacre, não incidiu apenas sobre bispos, sacerdotes, religiosos e religiosas, leigos comprometidos na acção pastoral ou simples fiéis que foram sumariamente executados ou vítimas de inauditos suplícios, por não renunciarem à sua fé, acreditando até à morte no seu único e verdadeiro Deus, o Deus católico, uno e trino. Mas foi também um ataque organizado contra a tradição e os símbolos religiosos, a destruição de bens culturais de valor incalculável, como bibliotecas e obras de arte, o incêndio de igrejas, a destruição de monumentos religiosos, como o monumento ao Sagrado Coração de Jesus, em Madrid – previamente “fuzilado”, antes de ser dinamitado -, e até, macabramente, a profanação de sepulturas e de cemitérios. O ódio cego à Igreja católica queria substituir a expressão de F. Nietzche, “ Deus morreu”, pela de Tatiana Goritcheva, “ Deus foi executado”.

     Em Toledo, o poeta sul-africano Roy Campbell, nesse ano da fé de 1936, viu morrer como mártires os seus amigos carmelitas que lhe tinham confiado a guarda dos preciosos manuscritos de S. João da Cruz, que mais tarde traduziu admiravelmente para inglês. Por toda a Espanha, sob o governo da Frente Popular – formado por socialistas e comunistas -, foram milhares os que tombaram nobremente, num autêntico holocausto católico, gritando, Viva Cristo Rei!, como os “cristeros” no México nos anos vinte – 1926-1929 - também eles vítimas do mesmo ódio à fé.

     E é ouvindo esse grito arrepiante, por entre o contínuo metralhar que tudo mata e destrói, esse grito que brada aos céus, que me vêm à memória os versos de Paul Claudel – do poema Aos mártires espanhóis -, como salmos que se rezam, como contas de um rosário:

     Onze bispos, dezasseis mil sacerdotes massacrados e nem uma só apostasia.

     Ah! Oxalá pudesse dar, como tú, em voz alta, um claro testemunho, no esplendor do meio-dia.

     1936 é, pois, um verdadeiro Ano da Fé. Que convém lembrar, quando se encerra o actual  Ano da Fé instituído pelo Papa emérito Bento XVI. Que convém lembrar, quando em várias partes do mundo, sobretudo em África e na Ásia, os católicos continuam a ser vítimas indefesas de esse cobarde ódio à fé. Perante o beneplácito da comunidade internacional que, muitas vezes, também o incita activamente atacando a Igreja e os seus legítimos representantes, através de mentiras e de falsidades. Cobardemente. Porque sabem que, tal como na Guerra Civil espanhola, os católicos que morrem vítimas de perseguição perdoam aos seus inimigos e, no seu último alento, ainda rezam por eles.


 

1 comentário:

  1. Publiquei:

    http://historiamaximus.blogspot.pt/2013/10/1936-ano-da-fe.html

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