São José tinha medo
Que o Menino fosse marinheiro
E saísse um dia p’lo mar fora
Embarcado num veleiro.
Não foi o Menino
Jesus, mas fomos nós, embarcados em caravelas e naus pelos mares fora, levando
sempre, no nosso coração de marinheiro português, um presépio. Presépio que
espalhámos por todo o mundo e todo o mundo acolheu, tornando-o, assim,
verdadeiramente universal. O pintor Grão Vasco, no séc. XVI, fez de um índio do
Brasil um Rei Mago e um dos presépios que para mim tem mais luz é o meu
presépio todo negro que me lembra o meu Natal na Guiné.
Por tudo isto, o meu
presépio tem três mandarins chineses, de louça de Cantão. Comprei-os nesta
cidade e trouxe-os para Macau, cidade que foi e é do Santo Nome de Deus. E
antes de viajarem comigo para Portugal, levei-os à Igreja de S. Domingos a
rezar a Nossa Senhora do Ar. O meu presépio tem três mandarins chineses.
Vejo-os a andar apressados, no seu passo miudinho, em direcção à gruta do Deus
Menino. Querem chegar antes de 6 de Janeiro. Querem chegar primeiro que os Reis
Magos.
Vamos nós também com
eles a Belém. Vamos nós, mais uma vez, com o nosso coração de marinheiro
português, adorar o Deus Menino ao presépio que Deus fez.
Um Santo
Natal
![]() |
Presépio que espalhámos por todo o mundo...Presépio Tailandês |